Guernica

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Santa Maria, RS, Brazil
Um sujeito inquieto com um mundo que não aceita ser como ele imagina. E ainda bem que é assim...

Antigo Hospital Universitário de Santa Maria

Antigo Hospital Universitário de Santa Maria
A construção, à rua Floriano Peixoto, iniciou em 1959. Foi inaugurado em 29 de abril de 1970, com o início das atividades dos Serviços de Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria e Puericultura

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Batalha Internacional na BR 290


NOTÍCIAS DA PROVÍNCIA


Seguindo um dos objetivos de nosso periódico, o Notícias da Província de hoje apresenta uma história muito interessante acontecida recentemente em plagas gauchas.


Na madrugada de 14 de maio um restaurante às margens da BR 290 foi palco de uma batalha descomunal. É no mínimo assim que se pode classificar o que ocorreu na longínqua localidade.

Passava um pouco das três da manhã, quando um micro-ônibus trazendo 12 torcedores do grupo autodenominado “Confraria Colorados do Coração” chegou ao restaurante legitimamente de beira de estrada. Eis que lá encontraram outro ônibus, um desses de 2 andares que transportava os torcedores do clube Estudiantes de La Plata de volta para a Argentina. Ambos vinham de Porto Alegre onde, horas antes, o Internacional havia derrotado o Estudiantes por um a zero.

Os primeiros estavam radiantes pela vitória alcançada aos 42 minutos do segundo tempo. Já os torcedores do Estudiantes estavam com “el cabezon” inchado “por uma cabeza” que terminou com os planos de triunfo de “La Brujita, Bozelli, Sosa e companhia”.

Os colorados entraram silenciosamente e de maneira respeitosa ao recinto enquanto os demais, aparentemente, preparavam-se para a saída.

De repente, ouviu-se uma discussão e um corre-corre no estacionamento. Os castelhanos haviam invadido o veículo dos colorados e surrupiado objetos de inestimável valor pessoal, que incluíam bandeiras, camisas (mantos) e jaquetas do Campeão do Mundo, aparelhos eletrônicos utilizados para a audição dos combates (radinhos de pilha), aparatos para acondicionamento de bebidas (canha) e alimentos para a viagem(isopor). Conta-se que durante a invasão amedrontaram o jovem filho indefeso de um torcedor que, apavorado, dizia “no, no, calma, no, no...” enquanto outro senhor, já bem idoso, aos murmúrios rezava pedindo clemência ao fundo do ônibus. Havia ainda um terceiro que, ou dormia sem nada perceber, ou fazia de conta que dormia.

Logo após, os que estavam dentro do restaurante, ao perceberem o tumulto, vieram em defesa. Estava formada a confusão. Os castelhanos justificaram que queriam trocar objetos, mas não convenceram. Entre empurra-empurra e dedos na cara, um colorado se identificou como policial militar e ultimou: “- Ou vocês devolvem tudo o que pegaram ou não sairão do Brasil!”. Estava dado o impasse.

Eles começaram a devolver um por um dos itens levados. Nesse momento, todos com os nervos a flor da pele, não se tinha a percepção exata de tudo que havia sido surrupiado.

Quando parecia tudo resolvido, os castelhanos reiniciaram a provocação e, como o ascender de um pavio, explodiu o confronto. Estabeleceu-se uma batalha. Socos, pontapés, vários foram ao chão. Todos ombreando madeira, cada um a seu modo, a peleja foi se desenrolando. Pedaços de pau e pedras voaram e, naturalmente, vidros estilhaçaram, faces sangraram. A pintura da cena se enegrecia. Porém, em alguns segundos, algo se tornara evidente. De dentro do ônibus argentino começava a brotar gente sem parar. Como baratas se multiplicavam à frente de todos e a superioridade numérica era aterrorizante. Havia uns 4 castelhanos para cada colorado. Porém, incrivelmente a peleja foi virando lentamente para o lado de menor número. Heroicamente, os colorados foram descendo braço e os platinos foram caindo um a um. A gritaria tomava conta e a sensação de derrota iminente se apossava de los hermanos.

Agora, o entorno já tinha um considerável número de “apreciadores” embasbacados. Até mesmo um carro da polícia era avistado, mas estranhamente os homens da lei não se aproximaram do epicentro da confusão. Ficaram ao longe na espreita. E o que parecia impossível aconteceu. Os colorados da Confraria botaram os gringos para correr. Da mesma forma que saíram do veículo, entraram de volta. Desapareceram no seu interior e viu-se o ônibus saindo em disparada.

Ao invés de se dar tudo por encerrado, o inusitado tomou forma novamente. Os colorados também entraram em seu pequeno veículo e se puseram a perseguir “los não tão hermanos”. Assim o fizeram até perderem-nos de vista. Com seu potente veículo sumiram na escuridão da madrugada em direção ao Prata, de onde disseram os colorados, nunca deviam ter saído.

Como requintado troféu de batalha, os colorados exibiram a bandeira arrancada dos adversários.

Tudo isso foi narrado por um “correntino” que não quis se identificar e por populares que assistiram ao incidente. Nossa reportagem voltou ao local 48 horas mais tarde do malfadado acontecimento e, apesar de poucos concordarem em falar, as pessoas estavam estarrecidas com o fato. Contudo, conseguimos perceber que algo heróico havia acontecido.

Foi a noite em que os 12 Colorados do Coração, após verem seu time vencer o Estudiantes na capital gaucha, impuseram nova e vultuosa derrota a mais de 40 argentinos os quais jamais esquecerão que em terras vermelhas, onde o sangue corre veloz nas veias dos maragatos, é melhor ouvir um tango em silêncio do que dançar um vanerão descompassado .

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