Passam alguns minutos da meia-noite e estou num bar na rodoviária da gélida madrugada de Porto Alegre. As percepções são estranhas. Três garçons gritões encenam brincadeiras com um velho taxista mais gritão ainda. Falam de suas vidas, de outros, de tudo e de todos, contam piadas e exorcizam o tempo que deve passar. Nas prateleiras acúmulo de salgados empedrecidos pelas horas, nas paredes combinações demasiado exóticas de suportes com caixas de ovos empilhadas ao lado de chás de várias ervas, isqueiros, bananas, maças, laranjas, potes de massa instantânea, coisas de todo o gênero. Uma panela ao fogo esquenta uma dobradinha feita de manhã. O cheiro dos temperos mistura-se com a fumaça do cigarro que defuma o ambiente. Seguem os gritos e as piadas. Outros clientes entram, olham meio assustados, pegam algo e saem. Alguns, menos afoitos, ficam e se incorporam à cena. Doces velhos e uns pacotes de bolacha cercam a caixa registradora e um sonolento atendente. Ao fundo, a TV meio triste resmunga um programa sem importância, ninguém olha para ela. O Bar da Rodoviária da Capital do Gaúchos imita um bolicho qualquer de qualquer rodoviária do interior do estado. E é pra lá que eu vou...
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